Cooperação

        

 

        Acompanhando os gestos altruístas de nosso Pai Antonio Ty Osalá, constantemente empenhado em auxiliar a comunidade mais desprovida de necessidades básicas como saúde, alimentação, moradia e lazer, com ações que abrangem desde a doação de alimentos até a condução à instrução e ao trabalho.  Suas ações correspondem à sua oratória, onde é transmitido o sentimento de fraternidade e compaixão, tornando-se um exemplo a ser seguido e uma ótima inspiração para iniciar uma mudança individual, podendo refletir posteriormente em uma mudança positiva muito maior no mundo, quando mais pessoas tiverem essa percepção.

        

        Vislumbrando esse cenário, podemos realizar uma analogia ao texto abaixo, e desfrutar de um momento de reflexão sobre nossos próprios atos, para nos considerarmos seres evoluídos é suficiente: ter, ser, ou alcançar o equilíbrio entre esses dois estados?

 

        O mundo cada vez mais caminha para um colapso. A briga desenfreada por poder, o consumismo acima de valores, o desentendimento entre as religiões, o constante julgamento interpessoal e a corrupção desenfreada e sem culpa são apenas algumas questões que podem ser refletidas sobre o que aconteceria se cada vez mais tais catástrofes sociais fossem ganhando força descontroladamente. Sem muitas delongas, o que tem por trás de tudo isso é o capitalismo exorbitante.  É esse mesmo capitalismo que força as pessoas a competirem entre si, direta ou indiretamente, impondo que o mais importante é “ter” e não, “ser”.

 

        Ambos os verbos curtos, compostos pela mesma quantidade de letras, foneticamente parecidos, próximos alfabeticamente, podem sim caminhar juntos. Entretanto, na mesma linha de pensamento capitalista, em alguns ambientes, a pessoa é o que ela tem. Portanto, se perder tudo, não é mais nada. É uma mera questão de alicerce, por onde cada ser humano é sustentado. Não há certo ou errado, são apenas percepções diferentes de realidade, com base em relativismos culturais, que sustentam as decisões tomadas mesmo que, na maioria das vezes, inconscientemente.

 

 

        Aparentemente difícil de ser compreendido em um primeiro momento, devido à falta de interesses por questionamentos cotidianos, aí é que entra o tal da “lealdade” erroneamente confundido com “fidelidade”. Uma pessoa pode sim ser leal aos seus próprios princípios sociais, sem precisar ser fiel a pactos e regras impostas por outrem que, em muitas vezes podem não fazer menor sentido e contradizem os princípios que são mais importantes. Tendo como base a lealdade aos princípios, também é possível “ter” em consequência, do “ser”. Essa é uma das bases de uma definição própria de socialismo contemporâneo e moderno, onde a competição é saudável, mas de forma introspectiva, sempre visando evoluirmos como seres humanos e, consequentemente, ajudar aos demais nesse mesmo processo evolutivo de maneira cooperativa.

 

 

        No próprio dicionário, o S de “ser” vem antes do T de “ter” que, curiosamente são vizinhos podendo até ser irmãos no sentido da gíria brother ou bíblico de Caim e Abel. É simplesmente uma definição que deve ser feita de forma intrapessoal e não por meio de influências ambientais que tentam manipular as opiniões alheias. Uma vez que o entendimento de situações não gramaticais é dado de forma customizada, a cooperação pode ser discutida. Essa mesma que vem sendo cada vez mais, ofuscada pela competição devido a vários fatores sendo alguns, os supracitados.

 

 

        Interessante notar que, se as duas palavras, cooperação e competição, forem analisadas microscopicamente, é possível identificar certos padrões não facilmente percebidos. Ambas possuem dez letras, começam com “co” e terminam com “ção”. Se juntadas as sílabas, forma uma região de Portugal chamada Coção[1]. Entretanto, “coção” rapidamente lembra “coação” que “é entendida como mal injusto, grave e eminente, utilizado contra uma pessoa por meio de manobras/maquinações, podendo ser com violência física ou psíquica, com o objetivo de forçar uma declaração contra a vontade voluntária do coagido” [2]. Embora “coação” signifique algo pesado, de caráter negativo, essa palavra, quando pronunciada atentamente, traz algo bom que é “coração”. Coração esse que, figurativamente, representa o local onde emoções e sentimentos positivos e saudáveis estão armazenados antes de serem externalizados, tais como o amor e prosperidade.

 

 

        Além das duas sílabas das bordas, no meio sobram 10 letras, “opera” e “mpeti” que, quando concatenadas e faladas, soam algo similar à frase “operam por ti”. Fazer algo por alguém é “ser” altruísta e que, em um ambiente de sociedade, representa a cooperação onde todos se ajudam em prol de um resultado coletivo. Ser altruísta é fazer as coisas com coração, portanto, a cooperação tem sentimentos e emoções positivas e saudáveis envolvidas. Em um ambiente cooperativo bem implementado, as partes envolvidas trabalham em conjunto, sem serem forçadas a fazer algo contra suas próprias vontades que é o caso da coação.

 

 

        O mundo está em transformação acelerada, percebida por poucos, e precisa de ajuda. Os livros trazem e ensinam coisas quadradas cujos textos são escritos para serem politicamente corretos visando suas comercializações. As pessoas têm medo de contrariar autores famosos por medo de repressão e exclusão da comunidade onde vivem. A humanidade está carente de pessoas de bom coração que o utiliza visando o bem estar de outros, fora de seu círculo familiar e afetivo, o que é teoricamente mais fácil e geneticamente repassado de geração em geração mesmo que a educação não consiga impor isso.

 

 

        Todos os seres humanos são únicos, detentores de habilidades que, quando juntas, se transformam em mais únicas ainda. Vários talentos são desperdiçados pela falta de confiança em acreditarem em si mesmos e, principalmente, pela falta de esperança na possibilidade de algo maior e melhor, sem utopia. Tais talentos nem sequer acreditam que podem contribuir significativamente contra malefícios que impedem a evolução de suas próprias espécies. Alguns não conseguem chegar ao nível de consciência que permitem enxergar as coisas de outras formas e, muitas vezes, são bloqueados por paradigmas sem fundamentos e comprovações e, em alguns casos, puramente baseados em possíveis estórias. Entretanto, acabam aceitando porque os demais ao seu redor aceitam e, aparentemente, convivem harmoniosamente. Por isso, o famoso dizer: "as pessoas são frutos do meio onde vivem". Pode até ser verdade, mas para seres menos evoluídos.

 

 

        Portanto, algumas pessoas precisam se sacrificar, trabalhando para o rompimento de barreiras invisíveis que impedem o desenvolvimento intelectual da humanidade, mas de forma não anárquica, pois anarquia só coloca o sistema ainda mais em caos. A humanidade precisa mais de seres exemplos, de verdadeiros líderes, não os que a literatura impõe por ser algo mais economicamente rentável. Precisa daqueles para conduzir rumo à libertação e que ao mesmo tempo sejam fortes para não serem corrompidos por um sistema retrogrado baseado fortemente na moeda monetária.

 

 

        Todos podem contribuir para o bem estar geral. Não necessariamente, somente filantropicamente no sentido de ajudar única e exclusivamente os menos favorecidos economicamente, embora seja muito importante e honrado podendo até ser conciliado, mas no caso que está sendo tratado, é no sentido utilizar as potencialidades humanas em diversas áreas de conhecimento, compartilhando-as. Uma das possíveis melhores estratégias de ajudar em tal evolução é por meio de ações onde os talentos, conhecimentos e experiências possam ser exercitados e repassados, em primeira instância, parafraseando a área do direito, para estabelecer previamente o canal de confiança, antes da introdução de teorias evolutivas de libertação. Enfim, os líderes da evolução precisam ser exemplos a serem seguidos e se sacrificarem na quebra de paradigmas. E, dessa forma, ajudar na luta contra o colapso que caminha a humanidade guiando as pessoas para um caminho menos individualista e mais altruísta.

 

 

L. Gustavo C. Barbato -- 2012

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